Para entenderem bem sobre o que me refiro, irei contextualizar. Duas semanas atrás estava caçando, em meio ao aconchego do tédio e solidão que é tão vital para o meu estilo de vida eremita, uma nova série sábado de madrugada no Netflix. Foi então que apareceu a sugestão de Demolidor, personagem o qual sempre tive dois receios. Primeiro pelo protagonista ser cego. Obviamente não tenho nada contra pessoas cegas, muito menos algo contra terem uma série. Porém como não tinha o conhecimento de suas habilidades especiais, ficava extremamente difícil imaginar alguém combater vilões e criminosos em geral, sem conseguir enxergar. Segundo motivo do meu grande desinteresse foram os duros comentários feitos ao filme do Demolidor lançado em 2003, cujo Ben Affleck estrelou no papel principal, e foi massacrado por ofensas e zombarias por conta de sua atuação. E vale ressaltar que esta produção foi tão maltratada pela crítica, que acabei optando em não assisti-la. Culminando assim em diminuir muito a minha motivação em dar início a série.
Servido de pouca fé, comecei esta jornada de 13 episódios que se prolongou por uns cinco dias, período exato que eu demorei para assistir a segunda temporada. Com o desenrolar da história pude observar diversos fatores que me fizeram ter a certeza que essa era uma das melhores séries que já vi, e a produção que mais gostei ligada ao universo de super heróis. Demolidor traz um enredo sobre a vida de Matthew Murdock, um advogado que perdeu sua visão devido a um acidente na infância envolvendo um caminhão de carga, que acabou escorrendo líquido radioativo em sua vista. O mesmo que já mais velho tenta conciliar a vida de combate ao crime, com uma firma de advocacia junto ao seu sócio e amigo de faculdade Foggy Nelson, e sua cliente/secretária Karen Page.
Porém, a temática principal gira em torno dos conflitos internos de Matt tanto na primeira, quanto na segunda temporada. A luta do nosso protagonista em estabelecer a ordem em uma cidade corrompida e violenta, sem precisar ir ao extremo de matar seus inimigos é de se comover, ainda mais tendo o próprio pai como vítima da violência em sua cidade, episódio que o deixou órfão ainda na infância. Realmente não deve ser fácil para um advogado que preza pelo cumprimento das leis, fazer justiça por conta própria, mesmo servido de boas intenções. E muito menos ser um católico devoto e procurar uma explicação divina para possuir tais habilidades, que na forma clara, é utilizada para ferir outras pessoas. Fora isso, o nosso ”devil of hell’s Kitchen” tem que lidar com o fato de todos de quem ele gosta e se importa correrem sério riscos de vida, justamente por sua proximidade. Trazendo assim o grande dilema entre afastar e magoar todos com quem se importa. Ou decepciona-los, por não conseguir conciliar tempo entre sua vida pessoal e seu trabalho como vigilante. Essa grande sequência de dúvidas e medo que o cercam, fazem dele um martírio ambulante durante praticamente toda série, dando bastante enfoque na maneira como lida com esses problemas, e na constante mudança que isso traz ao seu comportamento tanto de dia como advogado, quanto a noite como protetor da cidade. Mudanças essas extremamente visíveis a seus amigos Foggy e Karen, iniciando questionamentos quase que diários, resultando em um desgaste de ambas as partes.
Então como já deu para perceber, Demolidor traz um contexto muito interessante não só na parte de ação, como também na parte de drama que envolve esta trama, apresentando uma perspectiva de humanização dos heróis, colocando profundidade psicológica, traumas e mostrando as falhas e suas contradições. Isso sem mencionar outros personagens que tornam a série mais atrativa ainda. Como o Wilson Fisk (Rei do Crime), grande vilão da primeira temporada, que articula formas de assumir o controle da cidade de New York a todo custo, tendo o Demolidor como grande entrave para seus planos. Stick, que treinou e desenvolveu as habilidades de Matt na infância assim que seu pai morreu, sempre alertando para uma guerra futura que esta por vir. Elektra, paixão do passado e eterna perturbadora do juízo do protagonista, formando uma dupla de opostos, combatendo organizações criminosas a partir da segunda temporada. E não podemos deixar de falar de Frank Castle (Justiceiro), que foi o grande destaque da segunda temporada, roubando a cena com seu jeito anti-herói e sua sede indomável por vingança, o personagem é tão fascinante que conseguiu a minha torcida durante os grandes embates entre ele e Matt no decorrer da temporada, fora os diálogos marcantes sobre suas diferentes formas de pensar e agir em relação a seus papéis como vigilantes. Então sem mais delongas só deixo a indicação de uma ótima maneira de passar o tempo, e salientar meu erro quando julguei a série, sem antes mesmo tê-la assistido.
Escrito por:
Tony Depakote - sou um dos integrantes do blog Luiz,Camarão e Ação. Sou caracterizado por passar grande parte de meu tempo deitado numa cama infantil, que mais parece um berço, assistindo séries e filmes para passar o dia. Fui diagnosticado com bipolaridade, me considero um pouco antissocial, e com respingos de misantropia. A vida adulta e seus atrativos não parecem mexer em nada com este Peter Pan, que agora esta se arriscando em escrever seus pensamentos, e opiniões para esse blog.
Tony Depakote, gostei bastante da crítica (No entanto, só vi a metade da primeira temporada, pois estou saturado do munho de heróis). Fico no aguardo de Reviews sobre GOT e TWD.
ResponderExcluirPode ter certeza que faremos. Os reviews do GOT serão logo após a exibição dos episódios.
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